segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa


Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa


Como escritor, Mário de Sá-Carneiro demonstra, na fase inicial da sua obra, influências do decadentismo e até do saudosismo, numa estética do vago, do complexo e do metafísico. Aderiu posteriormente às correntes de vanguarda do paúlismo, do sensacionismo e do interseccionismo, apresentadas por Fernando Pessoa.

O delírio e a confusão dos sentidos, marcas da sua personalidade, sensível ao ponto da alucinação, com reflexos numa imagística exuberante, definem a sua egolatria, uma procura de exprimir o inconsciente e a dispersão do eu no mundo. Acompanhe:

“ Não perdi a minha alma/ Fiquei com ela, perdida/ Assim eu choro, da vida,/ A morte da minha alma. “

Este narcisismo, frustrada a satisfação das suas carências, levou-o a um sentimento de abandono e a uma poesia auto-sarcástica, expressa em poemas como Serradura, Aqueloutro ou Fim, revendo-se o poeta na imagem de um menino inútil e desajeitado, como em Caranguejola.

A sua crise de personalidade, que se traduziu no frenesi da experiência sensorial e no desejo do extravagante, foi a da inadequação e da solidão, da incapacidade de viver e de sentir o que desejava que o levou a uma tentativa de dissolução do ser, consumada na morte.

É a correspondência para Fernando Pessoa que permite traçar o mais fiel retrato de Mário de Sá-Carneiro, mas também seguir-lhe os passos quase diários em Paris, assistir ao seu deslumbramento e à sua autoflagelação, aos seus entusiasmos e decepções, acompanhar a sua caminhada para o abismo, intuir os seus desesperos no silêncio das entrelinhas ou nos múltiplos pontos de exclamação que pontuam a sua escrita.


Se aquilo que sobressai neste conjunto de cartas é o drama íntimo daquele que as envia, não é menos evidente que é fundamentalmente de literatura, de arte que se trata que é também a história da geração de Orpheu que, através delas, se torna mais clara, mais rica.

Orpheu

Orpheu marcou a história da literatura portuguesa do século XX, sendo considerado o marco inicial do modernismo em Portugal. Os protagonistas da revista ficaram conhecidos como «geração de Orpheu». Apenas doze anos depois a importância desta publicação começaria a ser reconhecida pela «segunda geração modernista» nas páginas da revista Presença, publicada em Coimbra a partir de 1927.

Para entender o livro, a vida de Mario de Sá

Nasceu em Lisboa no dia 19 de maio de 1890. Os primeiros anos de sua vida são marcados pela dor causada pela morte da mãe, em 1892, quando ele tinha apenas dois anos. Em 1911 matricula-se na Faculdade de Direito de Coimbra e, no ano seguinte, transfere-se para Universidade de Paris para dar continuidade ao curso de Direito, que não conseguiu concluir. Ainda em 1912 publica a peça teatral "Amizade" e o volume de novelas "Princípio". Nessa época, começa a corresponder-se com Fernando Pessoa.

Nessa correspondência já é refletido o agravamento dos seus problemas emocionais e as idéias de morte e suicídio. Em 1914, além de publicar as obras "Dispersão" e "A confissão de Lúcio", Sá Carneiro intensifica sua correspondência com Fernando Pessoa, a quem envia seus poemas e projetos de obras, revelando crescentes sinais de pessimismo e desespero. Em 1915, como integrante do grupo modernista em Portugal, participa do lançamento da revista "Orpheu". No segundo volume dessa revista publica o poema futurista "Manucure", que, ao lado do poema "Ode triunfal" de Álvaro de Campos (Heterônimo de Fernando Pessoa), provocam impacto e polêmicas nos meios literários.

Ainda em 1915 regressa à Paris, onde passa por constantes crises de depressões, que são agravadas por causa das suas dificuldades financeiras. Em 1916, numa carta a Fernando Pessoa, anuncia a sua intenção de suicídio, o que efetivamente ocorre no dia 26 de Abril, num quarto do Hotel Nice, em Paris. A obra de Mário Sá-Carneiro está intimamente relacionada a sua vivência pessoal, ou seja, revela toda a sua inadaptação ao mundo e a constante busca do seu próprio eu. Isso faz com que o poeta mergulhe no seu mundo interior e, diferente de Fernando Pessoa, que se desdobrou em heterônimos, atinja a autodestruição. Para o bom entendimento da obra de Mário de Sá Carneiro é necessária a análise das "Cartas a Fernando Pessoa", publicadas postumamente.

Fonte:

http://www.astormentas.com/carneiro.htm



Por

Renê

Maria Isabela

Maria Carolina

Thamires Targa


2º E.M

2 comentários:

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