quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Lira dos Vinte Anos - Álvares de Azevedo

“Trazendo para nossas letras o amargor irônico de Byron, a melancolia de Musset, a inquietação de Shelley e Spronceda, e o pessimismo imaginativo de Leopardi, as venenosas desilusões da vida, as mais crepitantes chamas da paixão, todo o desvario de um espirito genial, ÁLVARES DE AZEVEDO, sofrendo o mal do século, tornou-se, no ardor de seus vinte anos, o maior vulto da segunda geração romântica.”

Álvares de Azevedo foi o primeiro poeta a fazer uma metalinguagem ridicularizante do próprio Romantismo:aparece o prosaísmo, o cotidiano, tendência para o tratamento de temas prosaicos, vulgares, em princípio pouco poéticos ou pouco passíveis.

Ex.: Namoro a Cavalo (Parte A).

“[...]
Fui mesmo sujo ver a namorada...

Mas eis que no passar pelo sobrado,
Onde habita nas lojas minha bela,
Por ver-me tão lodoso ela irritada
Bateu-me sobre as ventas a janela...

O cavalo ignorante de namoros
Entre dentes tomou a bofetada,
Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo
Com pernas para o ar, sobre a
[calçada...

Dei ao diabo os namoros. Escovado
Meu chapéu que sofrera no pagode,
Dei de pernas corrido e cabisbaixo
E berrando de raiva como um bode.[...]”

O livro divide-se em duas partes: Parte A e Parte B.

PARTE A
• Imaginativa, platônica, sentimental.
• Os temas mais comuns são o desejo de amar, o amor idealizado, povoado por virgens misteriosas que nunca se transformam em realidade causando assim a dor e frustração que são acalmadas pela presença da mãe e da irmã.
• Medo de amar impede-o de amar (profundo desejo de amar).
• O reflexo dramático do adolescente.
• Contraste entre o sonhar, o amor e a fuga de sua posse.
• A crítica jocosa ao amor romântico.

PARTE B
• Demoníaca, de deboche, de angústia e loucura.
• Os temas centrais são a busca pela morte, que tem significado de fuga, o eu-lírico sente-se impotente frente ao mundo que lhe é apresentado e vê na morte a única maneira de libertação.
• A poesia, o desespero e a profunda intuição da morte próxima.
• Última frase de Álvares de Azevedo: “Que fatalidade, meu pai”.
• Mágoa profunda – “mal do século”.
• “Parece que eu passei da parte A para B como Ariel para Calibã”
*Ariel – divindade do ar (Deus do Bem e do Belo) .
Calibã – divindade do Terror e da Fúria (Personagens de A Tempestade de Shakespeare – 1611)


Comentários: Vê-se as influências de Álvares, pois o autor lia Byron , Musset, Chatterton, cultuou Bocage e louvou Goethe (autor de Wether).

Sua obra Completa só foi publicada em 1862.

Se Eu Morresse Amanhã!

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!




REFERÊNCIAS:
http://migre.me/6xQf
http://migre.me/6xQp
http://recantodasletras.uol.com.br/biografias/48622786227
• Coleção Prestígio, Poesias Completas, Alváres de Azevedo, Editora Ediouro.

GRUPO:
• Aléxia Domene Eugenio - 1ºEM
• Ingrid Domene Eugenio - 1ºEM
• Mariana Retali Martins - 1ºEM

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